Método FAIR: Avaliação Quantitativa de Riscos Cibernéticos
- cristiano maestri borges
- 20 de jun.
- 3 min de leitura

O cenário de ameaças digitais cresce diariamente, e as organizações precisam de métodos eficazes e objetivos para avaliar e gerenciar seus riscos. O método FAIR (Factor Analysis of Information Risk) surge como uma abordagem robusta que permite quantificar os riscos cibernéticos de forma estruturada e baseada em dados.
Se você busca uma maneira clara e mensurável de entender o impacto dos riscos em sua organização, o FAIR pode ser o modelo que faltava na sua estratégia de segurança e governança.
O Que é o Método FAIR?
O FAIR é um modelo internacionalmente reconhecido para análise quantitativa de riscos de segurança da informação. Diferente de metodologias tradicionais baseadas em classificações subjetivas como "alto", "médio" ou "baixo", o FAIR permite transformar riscos em valores financeiros, oferecendo uma visão concreta sobre o possível impacto de ameaças.
Ele responde perguntas como:
“Quanto podemos perder?”
“Quais riscos merecem prioridade real?”
“Vale a pena investir neste controle?”
Objetivos do FAIR
Quantificar riscos de segurança da informação em termos financeiros.
Priorizar investimentos de acordo com o impacto real no negócio.
Aumentar a clareza na comunicação de riscos para as partes interessadas, como diretoria, acionistas e órgãos reguladores.
Melhorar a tomada de decisões baseada em dados, e não em percepções subjetivas.
Componentes do Modelo FAIR
O modelo é estruturado em quatro elementos principais:
Cenário de Risco: Uma combinação de uma ameaça específica agindo sobre um ativo que possui valor para a organização.
Frequência de Evento de Ameaça (TEF – Threat Event Frequency): Mede a frequência com que uma ameaça encontra e interage com um ativo.
Probabilidade de Sucesso da Ameaça (VUL – Vulnerability): Mede a probabilidade de que, quando um evento de ameaça ocorre, ele tenha sucesso.
Magnitude da Perda (LM – Loss Magnitude): Mede o impacto financeiro resultante de um evento bem-sucedido.
Esses componentes são usados para calcular o risco, normalmente expresso como:
Risco = Probabilidade x Impacto Financeiro
Como Funciona na Prática?
O FAIR utiliza dados históricos, dados da indústria, estatísticas internas e estimativas de especialistas para calcular:
Quantas vezes uma ameaça pode ocorrer no ano (TEF).
A probabilidade de sucesso (VUL).
O custo médio de um incidente (LM).
O resultado é um intervalo de perda possível, como:
“Existe 90% de chance de que este risco cause perdas entre R$ 500 mil e R$ 2 milhões por ano.”
Benefícios do Método FAIR
Quantificação real: Transforma percepções subjetivas em valores financeiros.
Melhor priorização: Foco nos riscos que realmente importam.
Apoio à tomada de decisão: Facilita conversas entre áreas técnicas e executivas.
Justificativa para investimentos: Demonstra claramente se vale ou não implementar determinado controle.
Melhoria contínua: Permite acompanhar a evolução dos riscos ao longo do tempo.
FAIR é Compatível com Outras Normas?
Sim. O FAIR não substitui frameworks tradicionais, como ISO 27001, NIST CSF ou CIS Controls, mas os complementa.
Enquanto esses frameworks orientam a gestão de controles e requisitos, o FAIR oferece uma visão quantitativa dos riscos, permitindo priorizar os controles mais críticos.
Como Começar a Usar o FAIR?
Defina os ativos e os cenários de risco relevantes.
Ex.: Vazamento de dados de clientes por meio de um ataque phishing.
Estime a frequência das ameaças (TEF).
Avalie a vulnerabilidade (VUL) do ativo frente à ameaça.
Calcule a magnitude das perdas (LM), considerando custos como:
Interrupção de negócios
Multas e penalidades (LGPD, GDPR etc.)
Perda de reputação
Custos de resposta e recuperação
Analise o risco e priorize os controles.
Monte um relatório executivo, demonstrando:
Risco atual em termos financeiros.
Redução de risco após implantação de controles.
Retorno sobre o investimento em segurança (ROI).
Conclusão
O método FAIR representa uma mudança de paradigma na gestão de riscos. Ele transforma a segurança da informação de um tema técnico e abstrato em um assunto estratégico, diretamente ligado aos resultados financeiros e à continuidade do negócio.
Se sua organização ainda avalia riscos com escalas subjetivas, talvez seja hora de avançar para uma abordagem baseada em dados, números e impacto real.
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